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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Super

Filme: Super, 2010
Direção: James Gunn
Elenco: Rainn Wilson, Ellen Page, Kevin Bacon, Liv Tyler





Um dos principais conceitos de construção estrutural de uma história é a jornada do herói. Desenvolvido pelo escritor e palestrante Joseph Campbell, diz respeito ao protagonista do enredo, o Herói, que deve passar por transformações em sua jornada rumo ao bem comum, em meio a redenções e sacrifícios. Em ficção, isso é explícito normalmente em filmes com mitologia de super-heróis em realidades diferentes à nossa. Enquanto paródia (uma maneira de zombar ou caricaturar os super-heróis), essa “cartilha” é abandonada, em prol da comédia e da ação sem uma base em uma possível mensagem. E Super é um trabalho que conciliou a seriedade e o humor; expôs a mitologia por meio da paródia, se utilizando também dos princípios do heroísmo clássico: o desejo de fazer o bem.

Frank (Rainn Wilson, da série The Office) é um cara absurdamente comum e um pouco perturbado, que só tem uma coisa que vale a pena em sua vida: sua esposa (Liv Tyler, da trilogia The Lord of the Rings). Quando ela é “roubada” por um traficante e chefão do crime (Kevin Bacon, de X-Men: First Class), Frank, após uma epifania quase religiosa, decide lutar contra tudo o que o deixa inconformado: o crime, a corrupção, a maldade. Assume o alter-ego de Crimson Bolt, e, ao lado da entusiasta e hiperativa Libby (Ellen Page, indicada ao Oscar por Juno), sai pelas ruas com sua chave inglesa atrás de justiça e, finalmente, retomar sua vida feliz com a esposa.

O diretor faz uma homenagem ao estilo das HQs e séries de super-heróis clássicas, com o herói colocando rapidamente seu traje quando vê alguma coisa a ser corrigida, ou na forma de vigilante, esperando alguma coisa acontecer. As cenas de ação são bem coreografadas e a violência é explícita. O drama é atingido através da demonstração do “tosco” e da ação humorística, que levam o espectador a um desfecho tão emotivo e sério para os padrões do filme, que chega a ser espantoso. A intenção fica clara em todos os momentos: o despertar para sua verdadeira vocação na vida, a busca por aliados, o treino, a motivação, e o desfecho.

Tudo estruturado milimetricamente de acordo com o clássico, mas apresentando situações inovadoras e personagens com desejos diferentes. Tão surpreendente, que passa Super de um filme LEGAL para um filme BOM, carregado de absorções superiores e instintos naturais.




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