Direção: Sean Durkin
Elenco: Elizabeth Olsen, John Hawkes, Sarah Paulson, Hugh Dancy
É
difícil analisar uma coisa que você não sabe se entendeu ou não. Mas se fosse
assim, creio que ninguém conseguiria falar sobre Martha Marcy May Marlene, filme independente que marcou a estréia
do diretor Sean Durkin e da atriz Elizabeth Olsen. É um dos filmes mais
intrigantes que vi nos últimos tempos, pois te dá a oportunidade única de
montar a cronologia da história da maneira que quiser. Cada um constrói seu
entendimento à gosto. Explicarei, e se alguém por acaso interpretou esse pedaço
de informação que dei como spoiler, sugiro que pare por aqui, porque não vou
contar nada da história, mas alguns exemplos como esse acima aparecerão...
Antes
de qualquer coisa, tiro meu chapéu para a habilidade nata de saber o que
produzir do pessoal do Fox Searchlight. É o caráter da qualidade das produções
independentes da atualidade expressada em filmes incríveis, um atrás do outro.
Não digo que todos me agradaram, mas uma grande cota entra para a minha lista
de filmes favoritos.
De
volta ao filme, existe nele um toque de naturalidade exemplar. Uma trilha mais
intensa aqui, uma fotografia diferenciada ali, mas no geral, é tudo muito cru,
o que torna a situação mais verossímil e identificável. Coisa que alguns podem
se impressionar negativamente, já que ninguém quer se sentir na pele de Martha,
uma garota que busca a ajuda da irmã (Sarah Paulson, da série American Horror Story) ao se encontrar
atormentada por uma paranóia freqüente de que membros de um culto abusivo do
qual fazia parte estão atrás dela. Ou pelo menos, é essa a premissa que nos é
apresentada antes de ver o filme. A montagem oscilante nos leva até uma
conclusão que, se o espectador souber revisitar um determinado diálogo entre
Martha e sua irmã e esquentar a cabeça só um pouco mais, ficando muito atento
aos minutos finais do filme, te dará uma idéia completamente diferente do que
você imaginava até então, que pode ou não ser a real intencionada pelo diretor,
mas que com certeza te deixará estarrecido. Mas histórias em aberto são sempre
assim, só correndo o risco de serem tachadas de inconclusas e não recebendo o
respeito que merecem. Por sorte, MMMM
foi presenteado, crítica e público, com uma admiração completamente merecida.
Não são muitos que sabem (e podem) mexer com a estrutura de um enredo a nível
molecular. E o estreante Sean Durkin já está pronto para prosseguir com uma
carreira que, ao que tudo indica, será promissora.
E
falando em futuro promissor, eis que chegamos à grande maravilha do filme:
Elizabeth Olsen, irmã mais nova das gêmeas Olsen. Ou – observação inteligente
que andei lendo em vários lugares por aí – as gêmeas que são agora as irmãs
mais velhas de Elizabeth. Pergunta: onde essa moça estava escondida esse tempo
todo? E, assim como Tilda Swinton em We
Need to Talk About Kevin, ignorada pela Academia esse ano. Um retrato
íntimo de uma garota doce, mas tão perturbada e fragmentada a ponto de não
saber manter um contato social. Um pouco superficial e unidimensional, mas
propositalmente, para podermos montar a história sem a interferência de um
conhecimento mais profundo de quem ela é ou foi, que com certeza afetaria o
nosso olhar. O medo de ser encontrada por aqueles que a procuram está
intrínseco em todos os momentos do filme; são pouquíssimas as cenas em que ela
está concentrada em outra coisa. E junto a Olsen, o restante do elenco faz
bonito, principalmente John Hawkes, (de Winter’s
Bone, filme freqüentemente comparado à MMMM),
que interpreta o assustador líder do culto extremista.
Não
saber o que é o quê pode ser interessante se bem feito. Muitas vezes pode se
tornar uma porção de cacos impossíveis de se juntar, formando um filme
apelativo, confuso e sem objetivo. Martha
Marcy May Marlene, para aqueles que se contentam com o não-esclarecimento
de alguns fatos e aceitam isso como uma linguagem narrativa específica, não
sofre de nada disso. Muito pelo contrário, é tudo muito, muito bom.
Gostei muito, Fernando. De tudo. Desde o layout até aquela vírgula bem colocada, ou o comentário com um toque de humor. Raramente deixo um comentário nos blogs que eu leio. Na verdade, não frequento nenhum. E dizem que comentários motivam as pessoas. E é exatamente isso que eu espero que você faça! No caso, vou mudar um pouco os meus padrões: Primeiro, aqui. Segundo, salvando a sua página nos favoritos.
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