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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O que achei e o que não foi, no 84° Academy Awards



Em primeiro lugar, a cerimônia. A escolha de Billy Crystal para ser o host, substituindo Eddie Murphy que abandonou o cargo, foi uma tentativa – bem sucedida, podemos dizer – de consertar o fracasso que foi a premiação de 2011. Anne Hathaway tentou segurar a barra, então pelo menos tem esse mérito. Já James Franco foi o bastante para estragar aquilo sozinho, no que deve ter sido um dos maiores arrependimentos da produção do Oscar em 84 anos. Crystal sabe ser divertido sem ofender e manter a seriedade quando necessário. Some isso com apresentações do Cirque Du Soleil e uma homenagem ao cinema em sua plenitude que perdurou em todos os momentos da noite, com depoimentos emocionantes e sinceros, é notável uma melhora do ano passado para cá.

As premiações foram quase totalmente satisfatórias. A seguir, comentários divididos em categorias.

MELHOR FILME

The Artist
The Descendants
Extremely Loud and Incredibly Close
The Help
Hugo
Midnight in Paris
Moneyball
The Tree of Life
War Horse

And the Oscar goes to… THE ARTIST

The Artist não é um filme bom nem ruim. Por mais vazia que a descrição possa parecer, ele é o que é. Mais que um filme, ele é uma homenagem e um estilo aderido para surtir exatamente esse efeito. Por que mais alguém faria um filme arquitetado para parecer dos anos 20, se não para causar alguma sensação extra? E é justamente por isso, mesmo tendo gostado do filme, que eu não queria que ele levasse o prêmio. Acho um apelo dos maiores premiarem de Melhor Filme uma obra cuja intenção foi ser saudosista. Não que eu tenha achado uma isca para o Oscar, não gosto quando marcam um filme dessa maneira. E não concordei com a vitória por achar que existiam filmes melhores que The Artist, que transcendiam o cinema de qualidade sem a homenagem do vitorioso, como por exemplo, Hugo, The Help e Extremely Loud and Incredibly Close, meu preferidos. Mas reconheço a qualidade e o mérito de The Artist, e realmente não acho que foi uma perda de estatueta. Seria se tivesse ido para The Tree of Life, Moneyball e, em algumas escalas específicas, The Descendants. War Horse e Midnight in Paris nunca foram candidatos fortes para essa categoria. Concluindo, a Academia diz querer se desvencilhar dos que a chamam de previsível, mas mais uma vez demonstrou isso esse ano.




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MELHOR DIRETOR

Woody Allen, por Midnight in Paris
Terrence Malick, por The Tree of Life
Alexander Payne, por The Descendants
Michel Hazanivicius, por The Artist
Martin Scorsese, por Hugo

And the Oscar goes to... MICHEL HAZANIVICIUS – THE ARTIST

O mesmo que tenho a dizer sobre o filme serve para a direção. Analise o enredo e perceba que não há nada de inovador na história de The Artist. O filme é a direção, então essa categoria foi justa. Já Terrence Malick fez um trabalho que, apesar de ter sido um dos que mais odiei de 2011, desperta uma intenção por trás disso. Só a odiei por, ao invés de tê-la enxergado, só vi uma grande pretensão fracassada. Woody Allen como diretor é firmado, e Alexander Payne idem. Scorsese era meu preferido, pela auto inovação, abordagem diferente e trabalho de mestre.




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MELHOR ATOR

George Clooney, por The Descendants
Brad Pitt, por Moneyball
Jean Dujardin, por The Artist
Demián Bichir, por A Better Life
Gary Oldman, por Tinker Tailor Soldier Spy

And the Oscar goes to… JEAN DUJARDIN – THE ARTIST

Sem dúvida, um trabalho que requereu método e pesquisa e obteve um bom resultado. Ainda assim preferia Gary Oldman, em sua primeira indicação ao Oscar. Clooney demonstrou algumas expressões novas em momentos de aflição, mas no geral foi a mesma coisa de sempre. Pitt idem. Ainda não pude conferir Bichir em A Better Life.




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MELHOR ATRIZ

Glenn Close, por Albert Nobbs
Viola Davis, por The Help
Rooney Mara, por The Girl with the Dragon Tattoo
Meryl Streep, por The Iron Lady
Michelle Williams, por My Week with Marilyn

And the Oscar goes to… MERYL STREEP – THE IRON LADY

A categoria bittersweet da noite. Viola Davis me comoveu como há tempos uma atuação não me comovia; foi emoção a nível molecular, tanto na nossa reação quanto na interpretação dela. A Margaret Thatcher de Meryl Streep foi sensacional em apenas alguns momentos, em outros foi apenas boa. Por isso minha torcida ficava com Davis. Mas poder ter presenciado pela primeira vez Streep, rainha Meryl, ganhando um merecido Oscar, foi uma sensação extracorpórea. A dama do cinema já mereceu mais em outros anos (como em Julie & Julia em 2010), mas foi simplesmente lindo. Contrariando a quase unanimidade, achei Williams brilhante como Marilyn Monroe, e Mara quase brilhante como Lisbeth Salander. Ainda não conferi Albert Nobbs, mas Glenn Close é sempre excelente também. É o que eu sempre digo: as categorias de atriz são sempre as mais difíceis.




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MELHOR ATOR COADJUVANTE

Kenneth Branagh, por My Week with Marilyn
Jonah Hill, por Moneyball
Nick Nolte, por Warrior
Christopher Plummer, por Beginners
Max von Sydow, por Extremely Loud and Incredibly Close

And the Oscar goes to… CHRISTOPHER PLUMMER – BEGINNERS

Todos os outros candidatos estavam requintados em seus filmes. Branagh shakesperiano, como sempre. Hill em seu primeiro (e último?) papel fora do humor. Mas Plummer e von Sydow transportaram sozinhos a categoria para um nível muito mais forte de atuação, e Plummer, realmente melhor, levou o prêmio. Ele em Beginners como o paciente terminal que decide finalmente assumir a homossexualidade foi único.




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MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Bérénice Bejo, por The Artist
Jessica Chastain, por The Help
Melissa McCarthy, por Bridesmaids
Janet McTeer, por Albert Nobbs
Octavia Spencer, por The Help

And the Oscar goes to… OCTAVIA SPENCER – THE HELP

Como já dito, a categoria mais difícil. Não achei Bejo tão brilhante quanto Dujardin e não vi o trabalho de McTeer, mas não sabia para quem torcer: Chastain, Spencer ou McCarthy? Três papéis humorísticos (os dois primeiros com toques dramáticos) e desempenhos completamente diferentes, mas igualmente perfeitos. A inocente e cabeça-de-vento de Chastain, a relutante e espirituosa de Spencer, ou a atirada e durona de McCarthy. No fim, levou Spencer, mas a vitória de qualquer uma das três teria me deixando contente.




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MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Michel Hazanavicius, por The Artist
Kristen Wiig e Annie Mumolo, por Bridesmaids
J.C. Chandor, por Margin Call
Woody Allen, por Midnight in Paris
Asghar Farhadi, por A Separation

And the Oscar goes to… WOODY ALLEN – MIDNIGHT IN PARIS

Secretamente torcia por Bridesmaids, não só por ter sido uma história bem contada (e é isso que a Academia procura em roteiro), mas também porque seria ÉPICO Kristen Wiig, uma das melhores atrizes de comédia que existem ganhar um Oscar por roteiro. No fim, Allen levou, e é claro que merecidamente. Os roteiros dele são sempre de outro mundo, e a arrogância idem; como já esperado, Allen, com uma atitude de “tenho coisa melhor a fazer”, não foi à cerimônia.




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MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash, por The Descendants
John Logan, por Hugo
George Clooney, Grant Heslov e Beau Willimon, por The Ides of March
Steven Zaillian e Aaron Sorkin, por Moneyball
Bridget O’Connor e Peter Straughan, por Tinker Tailor Soldier Spy

And the Oscar goes to… ALEXANDER PAYNE, NAT FAXON E JIM RASH – THE DESCENDANTS

The Descendants foi realmente bem escrito, um dos poucos pontos que o filme tem a seu favor. Por mim, Hugo ganharia em todas as categorias que foi indicado, mas todos esses filmes tiveram bons roteiros.





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MELHOR ANIMAÇÃO

A Cat in Paris
Chico and Rita
Kung Fu Panda 2
Puss in Boots
Rango

And the Oscar goes to… RANGO

Em primeiro lugar, não vou deixar de expressar meu inconformismo com o fato de The Adventures of Tintin e Rio não terem sido indicados. Se o primeiro tivesse ido, ganharia com certeza. Mas Rango era a segunda opção mais forte. Eu adoro Kung Fu Panda, primeiro e segundo, e A Cat in Paris e Chico and Rita parecem ser incríveis (tanto em enredo quanto animação), mas levou quem merecia.




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MELHOR TRILHA SONORA

Ludovic Bource, por The Artist
John Williams, por The Adventures of Tintin
Howard Shore, por Hugo
Alberto Iglesias, por Tinker Tailor Soldier Spy
John Williams, por War Horse

And the Oscar goes to… LUDOVIC BOURCE – THE ARTIST

Óbvio, não? A de Hugo é arrepiante, a de The Adventures of Tintin é excitante ao extremo, mas ganhou o filme que contou com a trilha para sua sobrevivência. Compreensível, mas não gosto.




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MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Bret McKenzie, por “Man or Muppet”, de The Muppets
Sérgio Mendes, Carlinhos Brown e Siedah Garrett, por “Real in Rio”, de Rio

And the Oscar goes to… BRET MCKENZIE – THE MUPPETS

Adoro tanto a trilha de The Muppets quanto a de Rio, e por isso mesmo acho que deveriam ter incluído mais canções dos dois filmes nessa categoria. Só Enchanted teve três músicas em 2008. Até mesmo a música de Madonna para seu filme W.E., “Masterpiece”, merecia estar aí. Se eu achava que “Real in Rio” era melhor? Sim, com certeza.




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MELHOR EDIÇÃO DE SOM

Lon Bender e Victor Ray Ennis, por Drive
Ren Klyce, por The Girl with the Dragon Tattoo
Philip Stockton e Eugene Gearty, por Hugo
Ethan van der Ryn e Erik Aadahl, por Transformers: Dark of the Moon
Richard Hymns e Gary Rydstrom, por War Horse

And the Oscar goes to… PHILIP STOCKTON E EUGENE GEARTY – HUGO

A mixagem de Hugo é muito mais forte que a edição, por isso que nessa categoria, eu torcia pela perfeição de captação que foi Drive, filme que merecia até mais algumas outras indicações, bom demais.




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MELHOR MIXAGEM DE SOM

David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Bo Persson, por The Girl with the Dragon Tattoo
Tom Fleischman e John Midgley, por Hugo
Deb Adair, Ron Bochar, David Giammarco e e Ed Novick, por Moneyball
Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush e Peter J. Devlin, por Transformers: Dark of the Moon
Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson e Stuart Wilson, por War Horse

And the Oscar goes to… TOM FLEISCHMAN E JOHN MIDGLEY – HUGO

Moneyball e o “não sabemos qual outro filme indicar na categoria, então vai esse mesmo porque foi bem sincronizadinho, etc”. A série Transformers, por mais absurdamente terrível que seja, merece elogios em mixagem e efeitos especiais, isso é incontestável. Levou Hugo, maravilhoso.




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MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Laurence Bennett e Robert Gould, por The Artist
Stuart Craig e Stephanie McMillan, por Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 2
Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, por Hugo
Anne Seibel e Hélène Dubreuil, por Midnight in Paris
Rick Carter e Lee Sandales, por War Horse

And the Oscar goes to… DANTE FERRETTI E FRANCESCA LO SCHIAVO – HUGO

A melhor, sem dúvida. E por mais que eu quisesse que Harry Potter, a história da minha vida, ganhasse um Oscar em sua última chance, havia candidatos melhores em todas as categorias em que foi indicado. Uma pena, mas é a verdade.




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MELHOR FOTOGRAFIA

Guillaume Schiffman, por The Artist
Jeff Cronenweth, por The Girl with the Dragon Tattoo
Robert Richardson, por Hugo
Emmanuel Lubezki, por The Tree of Life
Janusz Kaminski, por War Horse

And the Oscar goes to… ROBERT RICHARDSON – HUGO

O único prêmio que eu acho que The Tree of Life poderia ter ganhado. Sem contar War Horse, trabalho exuberante de iluminação. Mas Hugo é Hugo.




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MELHOR MAQUIAGEM

Martial Corneville, Lynn Johnson e Matthew W. Mungle, por Albert Nobbs
Nick Dudman, Amanda Knight e Lisa Tomblin, por Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 2
Mark Coulier e J. Roy Helland, por The Iron Lady

And the Oscar goes to… MARK COULIER E J. ROY HELLAND – THE IRON LADY

Glenn Close e Janet McTeer, ainda como homens e apesar da maquiagem incrível, continuavam parecendo um pouco Glenn Close e Janet McTeer. Meryl Streep como uma senil Margaret Thatcher foi irreconhecível, parte por atuação, parte por maquiagem.




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MELHOR FIGURINO

Lisy Christl, por Anonymous
Mark Bridges, por The Artist
Sandy Powell, por Hugo
Michael O’Connor, por Jane Eyre
Arianne Phillips, por W.E.

And the Oscar goes to… MARK BRIDGES – THE ARTIST

UM ABSURDO! Todos os outros candidatos tinham figurinos excepcionalmente melhores que The Artist. Prefiro então nem entrar no assunto.




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MELHOR EDIÇÃO

Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius, por The Artist
Kevin Tent, por The Descendants
Angus Wall e Kirk Baxter, por The Girl with the Dragon Tattoo
Thelma Schoonmaker, por Hugo
Christopher Tellfsen, por Moneyball

And the Oscar goes to… ANGUS WALL E KIRK BAXTER – THE GIRL WITH THE DRAGON TATTOO

Muitíssimo merecido, montagem elegante e frenética de The Girl with the Dragon Tattoo. E até The Artist poderia levar essa.




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MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

Tim Burke, David Vickery, Greg Butler e John Richardson, por Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 2
Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning, por Hugo
Erik Nash, John Rosengrant, Danny Gordon Taylor e Swen Gillberg, por Real Steel
Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White e Daniel Barrett, por Rise of the Planet of the Apes
Scott Farrar, Scott Benza, Matthew E. Butler e John Frazier, por Transformers: Dark of the Moon

And the Oscar goes to… ROB LEGATO, JOSS WILLIAMS, BEN GROSSMAN E ALEX HENNING – HUGO

Rise of the Planet of the Apes foi um trabalho de efeitos especiais quase revolucionário que com certeza merecia o reconhecimento. Mas todos os concorrentes eram bons nessa categoria, e Hugo era o mais singelo.




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Não comentarei as categorias Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Documentário, Melhor Curta Documentário, Melhor Curta e Melhor Curta Animação, pois não conferi nenhum dos indicados.

O que pensar do 84° Academy Awards? Mais uma vez apelativo, mais uma vez previsível? Eu diria que, no que se tratou de premiar The Artist, foi. No restante, satisfatório.

Para ler sobre alguns dos filmes indicados no blog:

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