Direção: Martin Scorsese
Elenco: Asa Butterfield, Chloë Moretz, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Helen McCrory
Afirmando
o óbvio, Hugo é um filme único,
principalmente vindo do grande diretor Martin Scorsese. Baseado no livro The Invention of Hugo Cabret, escrito
por Brian Selznick, emanou uma vibração completamente diferente do esperado por
Scorsese; se essa nova energia já havia sido um pouco notada em Shutter Island, que já é incomum
comparado à filmografia mais antiga do diretor, Hugo quebrou qualquer barreira e provou que Scorsese está entrando
numa nova linha de abordagem de grandes histórias. E está o fazendo MUITO bem,
como sempre.
A
começar pelo enredo, que já é um mérito do livro, aqui apenas descrito como
“perfeito”. Hugo Cabret (Asa Butterfield, de Nanny McPhee), é um órfão que vive escondido na estação de trem de
Paris, cujo maior desejo é consertar um automaton que acredita estar carregado
com uma mensagem de seu pai. O jovem acaba conhecendo Isabelle (Chloë Moretz,
de Kick-Ass), que pode carregar a
chave para desvendar o segredo do boneco, enquanto é perseguido pelo inspetor
da estação Gustav (Sacha Baron Cohen, de Borat)
e misteriosamente impedido de consertar o automaton por Georges (Ben Kingsley,
vencedor do Oscar por Gandhi e
indicado por House of Sand and Fog),
padrinho de Isabelle e dono de uma loja de brinquedos.
[O
parágrafo a seguir contém spoilers]
A
beleza do conto é que se trata de uma história real, com elementos fictícios
adicionados. O personagem Georges é, na verdade, Georges Méliès (1861-1938), o
famoso ilusionista e diretor pioneiro em efeitos especiais, a mente por trás de
clássicos como Le voyage dans la lune,
de 1902, e Voyage à travers
l'impossible, de 1904. Helen McCrory (da saga Harry Potter) é sua esposa, a
também real Jeanne d’Alcy (1865-1956), musa de seus filmes. Méliès viu seu
trabalho ser desvalorizado por conta da guerra, perdendo sua carreira no cinema
e abrindo uma loja de brinquedos para sobreviver. A idéia de ter um mistério
fictício que encaminha a história para um fato real é extremamente bem feita. A
exposição dos fatos vem de maneira sutil e emocionante, revigorando a paixão
por cinema de qualquer um que esteja assistindo. A maneira em que são mostrados
os filmes clássicos sendo feitos, a edição feita com cola direto nas películas,
as atuações dramáticas, a paixão em que os renomados pioneiros cinematográficos
emitiam nos sets, é um prato cheio para aqueles que se emocionam ao ver o
nascimento da sétima arte. E o fato de todo aquele trabalho ter sido esquecido
no decorrer do tempo atira esse arco para outro patamar de emoção e nostalgia,
um muito mais emotivo e quase romântico.
[Fim dos spoilers]
Até então, The Help era meu preferido para o Oscar de 2012, mas
após ver Hugo, mudei de opinião. O filme é mestre em todas as categorias
em que está indicado. A direção de Scorsese é exuberante e grava através de
planos-seqüência e sobreposições e planos visualmente estonteantes a maravilha
que é essa história. Direção de arte, figurinos, fotografia, edição, um
conjunto de genialidades. História muito bem contada. Os efeitos especiais,
principalmente na construção, desenvolvimento e design do automaton, plotkey
essencial na história, são todos incríveis. Nada deixa a desejar nesse filme,
nada.
A maturidade de Chloë Moretz é assombrosa. Percebe-se que a jovem atriz
de apenas 15 anos já realiza seus trabalhos metodicamente, nota-se estudos e
preparos atrás de cada papel. A personagem Isabelle é tão pura e inocente, que
nada mais quer que ter a chance de saborear o mundo ao seu redor e viver uma
aventura. Asa Butterfield é promissor, atuou com o abandono que seu personagem
sofre. O elenco adulto é repleto de trabalhos lindos, principalmente Helen
McCrory; passei a gostar muito da atriz, depois de ver aqueles sorrisos e
trejeitos do classicismo cinematográfico.
A trilha sonora de Howard Shore, gênio por trás da música de The
Lord of the Rings, é de encher os olhos d’água. Uma música-tema que se
repete no decorrer do filme todo, que até se assemelha um pouco à música de Up,
remetendo ao mesmo tempo às tristezas e alegrias dos personagens.
Scorsese se provando cada vez mais e mais um dos melhores diretores da
história. Hugo chegando para mostrar que um diretor pode se firmar num
estilo de filme, mas também sempre experimentar com suas diversas facetas. E
como um filme, numa abordagem quase metalingüística, pode transcender o amor
pela arte cinematográfica. E que venha o Oscar para premiar essa pequena
obra-prima da maneira que merece.
Disponibilize link para download dos filmes que você câmenta aqui, L. Abraços.
ResponderExcluirOlá! Nem sempre eu faço download dos filmes, muitas vezes vejo no cinema ou pego arquivos de outras pessoas, então nem conheço tantas fontes assim. Mas obrigado pela dica, e sempre que eu tiver uma fonte, eu posto.
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