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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Hugo

Filme: A Invenção de Hugo Cabret (Hugo), 2011
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Asa Butterfield, Chloë Moretz, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Helen McCrory





Afirmando o óbvio, Hugo é um filme único, principalmente vindo do grande diretor Martin Scorsese. Baseado no livro The Invention of Hugo Cabret, escrito por Brian Selznick, emanou uma vibração completamente diferente do esperado por Scorsese; se essa nova energia já havia sido um pouco notada em Shutter Island, que já é incomum comparado à filmografia mais antiga do diretor, Hugo quebrou qualquer barreira e provou que Scorsese está entrando numa nova linha de abordagem de grandes histórias. E está o fazendo MUITO bem, como sempre.

A começar pelo enredo, que já é um mérito do livro, aqui apenas descrito como “perfeito”. Hugo Cabret (Asa Butterfield, de Nanny McPhee), é um órfão que vive escondido na estação de trem de Paris, cujo maior desejo é consertar um automaton que acredita estar carregado com uma mensagem de seu pai. O jovem acaba conhecendo Isabelle (Chloë Moretz, de Kick-Ass), que pode carregar a chave para desvendar o segredo do boneco, enquanto é perseguido pelo inspetor da estação Gustav (Sacha Baron Cohen, de Borat) e misteriosamente impedido de consertar o automaton por Georges (Ben Kingsley, vencedor do Oscar por Gandhi e indicado por House of Sand and Fog), padrinho de Isabelle e dono de uma loja de brinquedos.

[O parágrafo a seguir contém spoilers]

A beleza do conto é que se trata de uma história real, com elementos fictícios adicionados. O personagem Georges é, na verdade, Georges Méliès (1861-1938), o famoso ilusionista e diretor pioneiro em efeitos especiais, a mente por trás de clássicos como Le voyage dans la lune, de 1902, e Voyage à travers l'impossible, de 1904. Helen McCrory (da saga Harry Potter) é sua esposa, a também real Jeanne d’Alcy (1865-1956), musa de seus filmes. Méliès viu seu trabalho ser desvalorizado por conta da guerra, perdendo sua carreira no cinema e abrindo uma loja de brinquedos para sobreviver. A idéia de ter um mistério fictício que encaminha a história para um fato real é extremamente bem feita. A exposição dos fatos vem de maneira sutil e emocionante, revigorando a paixão por cinema de qualquer um que esteja assistindo. A maneira em que são mostrados os filmes clássicos sendo feitos, a edição feita com cola direto nas películas, as atuações dramáticas, a paixão em que os renomados pioneiros cinematográficos emitiam nos sets, é um prato cheio para aqueles que se emocionam ao ver o nascimento da sétima arte. E o fato de todo aquele trabalho ter sido esquecido no decorrer do tempo atira esse arco para outro patamar de emoção e nostalgia, um muito mais emotivo e quase romântico.

[Fim dos spoilers]

Até então, The Help era meu preferido para o Oscar de 2012, mas após ver Hugo, mudei de opinião. O filme é mestre em todas as categorias em que está indicado. A direção de Scorsese é exuberante e grava através de planos-seqüência e sobreposições e planos visualmente estonteantes a maravilha que é essa história. Direção de arte, figurinos, fotografia, edição, um conjunto de genialidades. História muito bem contada. Os efeitos especiais, principalmente na construção, desenvolvimento e design do automaton, plotkey essencial na história, são todos incríveis. Nada deixa a desejar nesse filme, nada.

A maturidade de Chloë Moretz é assombrosa. Percebe-se que a jovem atriz de apenas 15 anos já realiza seus trabalhos metodicamente, nota-se estudos e preparos atrás de cada papel. A personagem Isabelle é tão pura e inocente, que nada mais quer que ter a chance de saborear o mundo ao seu redor e viver uma aventura. Asa Butterfield é promissor, atuou com o abandono que seu personagem sofre. O elenco adulto é repleto de trabalhos lindos, principalmente Helen McCrory; passei a gostar muito da atriz, depois de ver aqueles sorrisos e trejeitos do classicismo cinematográfico.

A trilha sonora de Howard Shore, gênio por trás da música de The Lord of the Rings, é de encher os olhos d’água. Uma música-tema que se repete no decorrer do filme todo, que até se assemelha um pouco à música de Up, remetendo ao mesmo tempo às tristezas e alegrias dos personagens.

Scorsese se provando cada vez mais e mais um dos melhores diretores da história. Hugo chegando para mostrar que um diretor pode se firmar num estilo de filme, mas também sempre experimentar com suas diversas facetas. E como um filme, numa abordagem quase metalingüística, pode transcender o amor pela arte cinematográfica. E que venha o Oscar para premiar essa pequena obra-prima da maneira que merece.




2 comentários:

  1. Disponibilize link para download dos filmes que você câmenta aqui, L. Abraços.

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    1. Olá! Nem sempre eu faço download dos filmes, muitas vezes vejo no cinema ou pego arquivos de outras pessoas, então nem conheço tantas fontes assim. Mas obrigado pela dica, e sempre que eu tiver uma fonte, eu posto.

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