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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Baú: Darren Aronofsky

Última quarta-feira do mês, n’O Baú, que será sempre dedicada a nome do cinema, seja de um diretor, ator, atriz, roteirista, etc.


Darren Aronofsky, diretor, produtor e roteirista



FILMOGRAFIA COMPLETA:
Pi – 1998
Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream) – 2000
A Fonte da Vida (The Fountain) – 2006
O Lutador (The Wrestler) – 2008
Cisne Negro (Black Swan) – 2010

Darren Aronofsky, nascido em 1969, é um dos diretores da atualidade que alcançou o título de autor, mesmo com uma filmografia pequena. Viajando por histórias diferentes e sempre as transmitindo através de um estilo único, Aronofsky reflete a loucura do ser humano criando personagens sempre perturbados, encaixados em roteiros originais.

Seu primeiro filme foi Pi, uma estréia incomum para qualquer um que pretenda se firmar na carreira cinematográfica. Visualmente poluído e perturbador, é um filme cujo intuito é deixar o espectador desconfortável, tal como o personagem Max, um matemático à procura de um padrão na bolsa de valores. Pi é considerado um ensaio para seu segundo filme, Requiem for a Dream, que rendeu uma indicação ao Oscar para Ellen Burstyn, assustadora no papel. A montagem frenética do uso das drogas e dos remédios, da interferência do externo ao interno, da agitação de uma mente levada à loucura, é agora mostrada com uma freqüência muito maior, nessa história sobre pessoas lidando com seus vícios. Tudo arquitetado do começo ao fim para jogar o espectador ao caos da vida daqueles personagens. É impossível sair de um filme de Aronofsky sem algumas perdas de fôlego.


Seu terceiro trabalho não comparável a nenhum outro de sua filmografia. The Fountain, um dos maiores divisores de águas da década, teve duas sessões no Festival de Veneza; a primeira foi vaiada, a segunda recebeu aplausos que duraram 10 minutos. Esse é o efeito intencionado, e se dá pelo fato de The Fountain tocar em pontos primários da existência humana: a origem e o destino de tudo no universo, e como esses dois pontos são primordiais comparados a tudo que vem no meio, ou seja, a nossa percepção de “vida” e, conseqüentemente, de “morte”. As interpretações são variadas, e a sensibilidade da história (para os que entenderem as nuances) pode ser assustadora para aqueles que têm medo de serem confrontados com suas próprias existências universais.


Em seguida, vieram dois filmes que, assim como Pi e Requiem for a Dream, se complementam em linguagem narrativa: The Wrestler, sobre um lutador de ringue vendo sua vida pessoal entrar em colapso (talvez o trabalho mais ameno e “pé no chão” do diretor, indicando Mickey Rourke à Melhor Ator e vencendo de Melhor Atriz para Marisa Tomei), e o filme que é considerado por muitos sua obra-prima, Black Swan, indicado ao Oscar de Melhor Filme, Diretor, Fotografia e ganhando a estatueta de Melhor Atriz para Natalie Portman, fantástica no papel, sobre uma bailarina que, buscando a perfeição e tentando conhecer melhor seu lado negro, se torna uma máquina de paranóia e alucinações. Ambos os filmes se tratam de pessoas tão obcecadas pelo que fazem, que acabam se esquecendo do que são e se perdem no emaranhado do cotidiano, colhendo infelicidades em suas vidas pessoais (e no caso de Black Swan, a perda da sanidade mental também). The Wrestler conta com uma realidade unidimensional e sem maiores confrontos com o que é real, apenas o drama pessoal do protagonista e suas tentativas de remendá-los. Já o outro mostra uma personagem que se perde no desastre que é uma vida obsessiva e acaba não sabendo mais diferenciar o que é real para a sociedade, o que é real para ela, e o que não é real para nenhum dos dois.


Trabalhos minuciosos que mexem com a “anatomia mental” e te levam a pensar sobre o que é uma impressão. Aquilo é real, ou é uma projeção de uma idéia minha? Ou pior, a projeção de uma idéia de outra pessoa? Por saber trabalhar com maestria em cima disso, escolhi falar sobre Darren Aronofsky por ele acentuar cada vez mais o meu gosto por filmes fortes, intensos e que dissequem o que o ser humano tem de mais insano. Nesse quesito, atualmente não há linguagem melhor que a dele. Seja por distúrbios causados por remédios ou manias, como em Pi e Requiem for a Dream, ou pela loucura e obstinação que brotam de dentro de nós mesmos, como em The Wrestler ou Black Swan, ou até mesmo por um filme que mexa com nossos princípios das forças mais primordiais do cosmo, como em The Fountain, Aronofsky sabe mexer com a gente, e nos influenciar positiva ou negativamente. Depende de como você se posiciona sobre os assuntos discutidos. Mas afinal, o que define um bom contador de histórias não é isso? Saber mexer com quem as ouve? No fim, causar impacto é o ponto principal.

Seu próximo filme será uma reconstrução da história da Arca de Noé, além de dirigir um episódio-piloto para uma série nova da HBO. Julgando por sua filmografia até agora, é de se esperar que sejam novos trabalhos tensos, como sempre, e do jeito que aprendemos a amar com ele. Resume-se a isso: Aronofsky nos ensinou a amar uma nova categoria no transtorno humano, uma que é igualmente pesada, mas com tons absolutamente novos.

My Week with Marilyn

Filme: Sete Dias com Marilyn (My Week with Marilyn), 2011
Direção: Simon Curtis
Elenco: Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne, Emma Watson, Judi Dench





O mundo inteiro sabe quem foi Marilyn Monroe. O símbolo de inocência e sexualidade, a queridinha americana de todos os tempos, a grande atriz da história. Mas o que poucos sabem é quem é Norma Jeane Baker, nome real da atriz: uma mulher triste, melancólica, quase arrependida da vida que tinha e desejando nada mais que se estabilizar com seu marido e levar uma vida normal fora dos holofotes. A vida pessoal de Monroe, principalmente a de seus últimos anos de vida, não foi nada comparado ao que a mídia divulgava. Cansada de tudo, vendo todos que a amavam irem embora, se tornou uma mulher deprimida, afetando profundamente seu bom andamento dentro de um set. E essa foi talvez a parte mais surpreendente de My Week with Marilyn; o primeiro filme contemporâneo sobre Marilyn Monroe é focado na mulher por trás da personalidade, em um ano de infelicidades consecutivas em sua vida.

Em 1957, seis anos antes de sua morte, Monroe é convidada pelo diretor Laurence Olivier (Kenneth Branagh, indicado ao Oscar por Henry V) para estrelar seu mais novo filme, The Prince and the Showgirl. Ao se mudar para a Inglaterra para as gravações, acaba conhecendo o assistente de direção Colin Clark (Eddie Redmayne), personalidade que escreveu um livro sobre o período de tempo que passou com Marilyn. Durante a semana, em meio a conflitos estressantes no set com o diretor, Marilyn acaba caindo mais profundamente em um triste período de perda de identidade, enquanto Colin tenta desesperadamente resgatá-la.

Scarlett Johansson (de Vicky Cristina Barcelona) estava fortemente cotada para o papel, durante a pré-produção. Obviedade muito grande ou “piada interna” bem sacada, dar o papel para a mulher que é considerada a Marilyn Monroe atual? No fim, Michelle Williams (indicada ao Oscar por Brokeback Mountain e Blue Valentine) ganhou a honra de interpretar o ícone. A captação de trejeitos era fundamental para os momentos Marilyn Monroe, mas um desenvolvimento de novas características e maneirismos até então desconhecidos do mundo foi necessário, já que, acima de Monroe, Williams foi Norma Jeane nesse filme. Houve momentos em que ela jogou a pose sexual para o alto e foi enxergada da maneira que queria, e Williams captou perfeitamente os dois lados.

A caracterização da época, os anos 50 na Inglaterra, foi em volta do que a atriz representava. Ela era a única beleza estonteante, a mais bem vestida, a invejada por todos. Assim como Monroe brilhou no mundo, brilhou no filme também. Obviamente, de maneira muito mais vulnerável do que esperado. E o curto período de tempo representado no filme deu a oportunidade de engrandecer a personalidade (o inverso do que The Iron Lady fez com Margaret Thatcher), e possibilitou que o mundo finalmente visse que, não importa a vida maravilhosa que os outros fizeram para você, se você não teve a chance de construí-la da maneira que queria. E ao que tudo indica, foi justamente a pressão que levou ao possível suicídio de Monroe em 1962, com apenas 36 anos.

My Week with Marilyn nada mais é que a verdadeira cara da cara dos EUA. O filme não é ponto alto, mas a abordagem e representação da protagonista fazem de tudo uma experiência agradável e reflexível.




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Extremely Loud and Incredibly Close

Filme: Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud and Incredibly Close), 2011
Direção: Stephen Daldry
Elenco: Thomas Horn, Tom Hanks, Sandra Bullock, Max von Sydow, Viola Davis





Não posso dizer que não entendo o que alguns críticos quiseram dizer ao chamar Extremely Loud and Incredibly Close de uma isca para o Oscar. Muitos acharam a história uma desculpa esfarrapada para uma inclusão maior do 9/11 no filme, que por sua vez, também foi considerado um tema explorado exageradamente até a raiz, uma vez que o livro que deu origem ao roteiro, de Jonathan Safran Foer, não dá tanta atenção ao evento (segundo minhas pesquisas, já que não li o livro). No entanto, não sei se foi a minha impressão pessoal, mas consegui enxergar – e muito – o drama dos personagens que vai muito além daquele causado pelo trágico dia marcado na história. E é por isso que achei o filme excelente.

Stephen Daldry está, até agora, com uma filmografia impecável. Billy Elliot, The Hours e The Reader, os três lhe rendendo uma indicação ao Oscar à Melhor Diretor, e os dois últimos recebendo indicações à Melhor Filme e entregando as estatuetas à Nicole Kidman e Kate Winslet, respectivamente. O que mostra que Daldry sabe como ninguém contar uma história de drama. A começar pela trilha sonora, sempre clássica, sempre com o piano predominante, presente em quase todas as cenas como música de fundo, dando tensão e intensidade aos diálogos, nos deixando com uma expectativa enorme de que alguma coisa muito forte irá acontecer, e o dramatismo aflora atingindo os atores, os cenários e o roteiro. Indica cada vez mais um futuro de autoria de seus filmes, um estilo próprio e único de melodrama e personagens provocantes, conflitantes e tristes.

Thomas Horn, o jovem ator estreante de 14 anos, interpreta Oskar Schell, um garoto inteligente e cheio de fobias e maneirismos, que se vê perdido após a morte do pai (Tom Hanks, vencedor do Oscar por Forrest Gump) no World Trade Center, e com uma mãe (Sandra Bullock, vencedora do Oscar por The Blind Side) que não sabe conciliar o luto com o resto de sua vida. O pai sempre incentivou Oskar a melhorar sua reclusão e timidez através de jogos e investigações, e quando o garoto encontra uma chave num envelope com apenas um nome, mergulha numa busca por New York na tentativa de descobrir o que o pai deixou para trás. Max von Sydow (de Shutter Island, indicado ao Oscar pelo papel em discussão) e Viola Davis (indicada ao Oscar por The Help) acabam se tornando integrantes na busca pela verdade do garoto.

Muitos disseram que o 9/11 serviu de muleta para a história, o que não é verdade, já que a história se sustentaria muito bem se o personagem de Tom Hanks tivesse morrido de outra maneira. Foi um elemento (e um nada desgastado) que não interferiu na evolução do roteiro e ainda conseguiu transpor o caos emotivo que foi aquele dia sem forçar a barra. Oskar não se tornou um garoto problemático por conta do desastre, mas sim pelo fato de não ter mais o pai ao lado, aquela figura que representava segurança e ajuda. E o jovem transparece isso de maneira que eu nunca havia visto antes, vindo de um ator mirim. As cenas de montagem rápida onde ele narra tudo o que o amedronta e o preocupa, tudo que está dando errado em sua jornada e em sua vida, apontam um desespero atuado competentemente e uma carreira que promete. Sem contar o elenco adulto, composto por grandes nomes do cinema.

Um protagonista rico em criação e uma história bem amarrada. Mais uma ótima adição à filmografia de Stephen Daldry, um diretor para sempre ficarmos de olho.




O que achei e o que não foi, no 84° Academy Awards



Em primeiro lugar, a cerimônia. A escolha de Billy Crystal para ser o host, substituindo Eddie Murphy que abandonou o cargo, foi uma tentativa – bem sucedida, podemos dizer – de consertar o fracasso que foi a premiação de 2011. Anne Hathaway tentou segurar a barra, então pelo menos tem esse mérito. Já James Franco foi o bastante para estragar aquilo sozinho, no que deve ter sido um dos maiores arrependimentos da produção do Oscar em 84 anos. Crystal sabe ser divertido sem ofender e manter a seriedade quando necessário. Some isso com apresentações do Cirque Du Soleil e uma homenagem ao cinema em sua plenitude que perdurou em todos os momentos da noite, com depoimentos emocionantes e sinceros, é notável uma melhora do ano passado para cá.

As premiações foram quase totalmente satisfatórias. A seguir, comentários divididos em categorias.

MELHOR FILME

The Artist
The Descendants
Extremely Loud and Incredibly Close
The Help
Hugo
Midnight in Paris
Moneyball
The Tree of Life
War Horse

And the Oscar goes to… THE ARTIST

The Artist não é um filme bom nem ruim. Por mais vazia que a descrição possa parecer, ele é o que é. Mais que um filme, ele é uma homenagem e um estilo aderido para surtir exatamente esse efeito. Por que mais alguém faria um filme arquitetado para parecer dos anos 20, se não para causar alguma sensação extra? E é justamente por isso, mesmo tendo gostado do filme, que eu não queria que ele levasse o prêmio. Acho um apelo dos maiores premiarem de Melhor Filme uma obra cuja intenção foi ser saudosista. Não que eu tenha achado uma isca para o Oscar, não gosto quando marcam um filme dessa maneira. E não concordei com a vitória por achar que existiam filmes melhores que The Artist, que transcendiam o cinema de qualidade sem a homenagem do vitorioso, como por exemplo, Hugo, The Help e Extremely Loud and Incredibly Close, meu preferidos. Mas reconheço a qualidade e o mérito de The Artist, e realmente não acho que foi uma perda de estatueta. Seria se tivesse ido para The Tree of Life, Moneyball e, em algumas escalas específicas, The Descendants. War Horse e Midnight in Paris nunca foram candidatos fortes para essa categoria. Concluindo, a Academia diz querer se desvencilhar dos que a chamam de previsível, mas mais uma vez demonstrou isso esse ano.




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MELHOR DIRETOR

Woody Allen, por Midnight in Paris
Terrence Malick, por The Tree of Life
Alexander Payne, por The Descendants
Michel Hazanivicius, por The Artist
Martin Scorsese, por Hugo

And the Oscar goes to... MICHEL HAZANIVICIUS – THE ARTIST

O mesmo que tenho a dizer sobre o filme serve para a direção. Analise o enredo e perceba que não há nada de inovador na história de The Artist. O filme é a direção, então essa categoria foi justa. Já Terrence Malick fez um trabalho que, apesar de ter sido um dos que mais odiei de 2011, desperta uma intenção por trás disso. Só a odiei por, ao invés de tê-la enxergado, só vi uma grande pretensão fracassada. Woody Allen como diretor é firmado, e Alexander Payne idem. Scorsese era meu preferido, pela auto inovação, abordagem diferente e trabalho de mestre.




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MELHOR ATOR

George Clooney, por The Descendants
Brad Pitt, por Moneyball
Jean Dujardin, por The Artist
Demián Bichir, por A Better Life
Gary Oldman, por Tinker Tailor Soldier Spy

And the Oscar goes to… JEAN DUJARDIN – THE ARTIST

Sem dúvida, um trabalho que requereu método e pesquisa e obteve um bom resultado. Ainda assim preferia Gary Oldman, em sua primeira indicação ao Oscar. Clooney demonstrou algumas expressões novas em momentos de aflição, mas no geral foi a mesma coisa de sempre. Pitt idem. Ainda não pude conferir Bichir em A Better Life.




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MELHOR ATRIZ

Glenn Close, por Albert Nobbs
Viola Davis, por The Help
Rooney Mara, por The Girl with the Dragon Tattoo
Meryl Streep, por The Iron Lady
Michelle Williams, por My Week with Marilyn

And the Oscar goes to… MERYL STREEP – THE IRON LADY

A categoria bittersweet da noite. Viola Davis me comoveu como há tempos uma atuação não me comovia; foi emoção a nível molecular, tanto na nossa reação quanto na interpretação dela. A Margaret Thatcher de Meryl Streep foi sensacional em apenas alguns momentos, em outros foi apenas boa. Por isso minha torcida ficava com Davis. Mas poder ter presenciado pela primeira vez Streep, rainha Meryl, ganhando um merecido Oscar, foi uma sensação extracorpórea. A dama do cinema já mereceu mais em outros anos (como em Julie & Julia em 2010), mas foi simplesmente lindo. Contrariando a quase unanimidade, achei Williams brilhante como Marilyn Monroe, e Mara quase brilhante como Lisbeth Salander. Ainda não conferi Albert Nobbs, mas Glenn Close é sempre excelente também. É o que eu sempre digo: as categorias de atriz são sempre as mais difíceis.




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MELHOR ATOR COADJUVANTE

Kenneth Branagh, por My Week with Marilyn
Jonah Hill, por Moneyball
Nick Nolte, por Warrior
Christopher Plummer, por Beginners
Max von Sydow, por Extremely Loud and Incredibly Close

And the Oscar goes to… CHRISTOPHER PLUMMER – BEGINNERS

Todos os outros candidatos estavam requintados em seus filmes. Branagh shakesperiano, como sempre. Hill em seu primeiro (e último?) papel fora do humor. Mas Plummer e von Sydow transportaram sozinhos a categoria para um nível muito mais forte de atuação, e Plummer, realmente melhor, levou o prêmio. Ele em Beginners como o paciente terminal que decide finalmente assumir a homossexualidade foi único.




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MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Bérénice Bejo, por The Artist
Jessica Chastain, por The Help
Melissa McCarthy, por Bridesmaids
Janet McTeer, por Albert Nobbs
Octavia Spencer, por The Help

And the Oscar goes to… OCTAVIA SPENCER – THE HELP

Como já dito, a categoria mais difícil. Não achei Bejo tão brilhante quanto Dujardin e não vi o trabalho de McTeer, mas não sabia para quem torcer: Chastain, Spencer ou McCarthy? Três papéis humorísticos (os dois primeiros com toques dramáticos) e desempenhos completamente diferentes, mas igualmente perfeitos. A inocente e cabeça-de-vento de Chastain, a relutante e espirituosa de Spencer, ou a atirada e durona de McCarthy. No fim, levou Spencer, mas a vitória de qualquer uma das três teria me deixando contente.




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MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Michel Hazanavicius, por The Artist
Kristen Wiig e Annie Mumolo, por Bridesmaids
J.C. Chandor, por Margin Call
Woody Allen, por Midnight in Paris
Asghar Farhadi, por A Separation

And the Oscar goes to… WOODY ALLEN – MIDNIGHT IN PARIS

Secretamente torcia por Bridesmaids, não só por ter sido uma história bem contada (e é isso que a Academia procura em roteiro), mas também porque seria ÉPICO Kristen Wiig, uma das melhores atrizes de comédia que existem ganhar um Oscar por roteiro. No fim, Allen levou, e é claro que merecidamente. Os roteiros dele são sempre de outro mundo, e a arrogância idem; como já esperado, Allen, com uma atitude de “tenho coisa melhor a fazer”, não foi à cerimônia.




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MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash, por The Descendants
John Logan, por Hugo
George Clooney, Grant Heslov e Beau Willimon, por The Ides of March
Steven Zaillian e Aaron Sorkin, por Moneyball
Bridget O’Connor e Peter Straughan, por Tinker Tailor Soldier Spy

And the Oscar goes to… ALEXANDER PAYNE, NAT FAXON E JIM RASH – THE DESCENDANTS

The Descendants foi realmente bem escrito, um dos poucos pontos que o filme tem a seu favor. Por mim, Hugo ganharia em todas as categorias que foi indicado, mas todos esses filmes tiveram bons roteiros.





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MELHOR ANIMAÇÃO

A Cat in Paris
Chico and Rita
Kung Fu Panda 2
Puss in Boots
Rango

And the Oscar goes to… RANGO

Em primeiro lugar, não vou deixar de expressar meu inconformismo com o fato de The Adventures of Tintin e Rio não terem sido indicados. Se o primeiro tivesse ido, ganharia com certeza. Mas Rango era a segunda opção mais forte. Eu adoro Kung Fu Panda, primeiro e segundo, e A Cat in Paris e Chico and Rita parecem ser incríveis (tanto em enredo quanto animação), mas levou quem merecia.




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MELHOR TRILHA SONORA

Ludovic Bource, por The Artist
John Williams, por The Adventures of Tintin
Howard Shore, por Hugo
Alberto Iglesias, por Tinker Tailor Soldier Spy
John Williams, por War Horse

And the Oscar goes to… LUDOVIC BOURCE – THE ARTIST

Óbvio, não? A de Hugo é arrepiante, a de The Adventures of Tintin é excitante ao extremo, mas ganhou o filme que contou com a trilha para sua sobrevivência. Compreensível, mas não gosto.




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MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Bret McKenzie, por “Man or Muppet”, de The Muppets
Sérgio Mendes, Carlinhos Brown e Siedah Garrett, por “Real in Rio”, de Rio

And the Oscar goes to… BRET MCKENZIE – THE MUPPETS

Adoro tanto a trilha de The Muppets quanto a de Rio, e por isso mesmo acho que deveriam ter incluído mais canções dos dois filmes nessa categoria. Só Enchanted teve três músicas em 2008. Até mesmo a música de Madonna para seu filme W.E., “Masterpiece”, merecia estar aí. Se eu achava que “Real in Rio” era melhor? Sim, com certeza.




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MELHOR EDIÇÃO DE SOM

Lon Bender e Victor Ray Ennis, por Drive
Ren Klyce, por The Girl with the Dragon Tattoo
Philip Stockton e Eugene Gearty, por Hugo
Ethan van der Ryn e Erik Aadahl, por Transformers: Dark of the Moon
Richard Hymns e Gary Rydstrom, por War Horse

And the Oscar goes to… PHILIP STOCKTON E EUGENE GEARTY – HUGO

A mixagem de Hugo é muito mais forte que a edição, por isso que nessa categoria, eu torcia pela perfeição de captação que foi Drive, filme que merecia até mais algumas outras indicações, bom demais.




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MELHOR MIXAGEM DE SOM

David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Bo Persson, por The Girl with the Dragon Tattoo
Tom Fleischman e John Midgley, por Hugo
Deb Adair, Ron Bochar, David Giammarco e e Ed Novick, por Moneyball
Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush e Peter J. Devlin, por Transformers: Dark of the Moon
Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson e Stuart Wilson, por War Horse

And the Oscar goes to… TOM FLEISCHMAN E JOHN MIDGLEY – HUGO

Moneyball e o “não sabemos qual outro filme indicar na categoria, então vai esse mesmo porque foi bem sincronizadinho, etc”. A série Transformers, por mais absurdamente terrível que seja, merece elogios em mixagem e efeitos especiais, isso é incontestável. Levou Hugo, maravilhoso.




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MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Laurence Bennett e Robert Gould, por The Artist
Stuart Craig e Stephanie McMillan, por Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 2
Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, por Hugo
Anne Seibel e Hélène Dubreuil, por Midnight in Paris
Rick Carter e Lee Sandales, por War Horse

And the Oscar goes to… DANTE FERRETTI E FRANCESCA LO SCHIAVO – HUGO

A melhor, sem dúvida. E por mais que eu quisesse que Harry Potter, a história da minha vida, ganhasse um Oscar em sua última chance, havia candidatos melhores em todas as categorias em que foi indicado. Uma pena, mas é a verdade.




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MELHOR FOTOGRAFIA

Guillaume Schiffman, por The Artist
Jeff Cronenweth, por The Girl with the Dragon Tattoo
Robert Richardson, por Hugo
Emmanuel Lubezki, por The Tree of Life
Janusz Kaminski, por War Horse

And the Oscar goes to… ROBERT RICHARDSON – HUGO

O único prêmio que eu acho que The Tree of Life poderia ter ganhado. Sem contar War Horse, trabalho exuberante de iluminação. Mas Hugo é Hugo.




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MELHOR MAQUIAGEM

Martial Corneville, Lynn Johnson e Matthew W. Mungle, por Albert Nobbs
Nick Dudman, Amanda Knight e Lisa Tomblin, por Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 2
Mark Coulier e J. Roy Helland, por The Iron Lady

And the Oscar goes to… MARK COULIER E J. ROY HELLAND – THE IRON LADY

Glenn Close e Janet McTeer, ainda como homens e apesar da maquiagem incrível, continuavam parecendo um pouco Glenn Close e Janet McTeer. Meryl Streep como uma senil Margaret Thatcher foi irreconhecível, parte por atuação, parte por maquiagem.




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MELHOR FIGURINO

Lisy Christl, por Anonymous
Mark Bridges, por The Artist
Sandy Powell, por Hugo
Michael O’Connor, por Jane Eyre
Arianne Phillips, por W.E.

And the Oscar goes to… MARK BRIDGES – THE ARTIST

UM ABSURDO! Todos os outros candidatos tinham figurinos excepcionalmente melhores que The Artist. Prefiro então nem entrar no assunto.




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MELHOR EDIÇÃO

Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius, por The Artist
Kevin Tent, por The Descendants
Angus Wall e Kirk Baxter, por The Girl with the Dragon Tattoo
Thelma Schoonmaker, por Hugo
Christopher Tellfsen, por Moneyball

And the Oscar goes to… ANGUS WALL E KIRK BAXTER – THE GIRL WITH THE DRAGON TATTOO

Muitíssimo merecido, montagem elegante e frenética de The Girl with the Dragon Tattoo. E até The Artist poderia levar essa.




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MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

Tim Burke, David Vickery, Greg Butler e John Richardson, por Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 2
Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning, por Hugo
Erik Nash, John Rosengrant, Danny Gordon Taylor e Swen Gillberg, por Real Steel
Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White e Daniel Barrett, por Rise of the Planet of the Apes
Scott Farrar, Scott Benza, Matthew E. Butler e John Frazier, por Transformers: Dark of the Moon

And the Oscar goes to… ROB LEGATO, JOSS WILLIAMS, BEN GROSSMAN E ALEX HENNING – HUGO

Rise of the Planet of the Apes foi um trabalho de efeitos especiais quase revolucionário que com certeza merecia o reconhecimento. Mas todos os concorrentes eram bons nessa categoria, e Hugo era o mais singelo.




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Não comentarei as categorias Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Documentário, Melhor Curta Documentário, Melhor Curta e Melhor Curta Animação, pois não conferi nenhum dos indicados.

O que pensar do 84° Academy Awards? Mais uma vez apelativo, mais uma vez previsível? Eu diria que, no que se tratou de premiar The Artist, foi. No restante, satisfatório.

Para ler sobre alguns dos filmes indicados no blog: