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quinta-feira, 8 de março de 2012

Young Adult

Filme: Jovens Adultos (Young Adult), 2011
Direção: Jason Reitman
Elenco: Charlize Theron, Patrick Wilson, Patton Oswalt





Quando anunciaram mais um trabalho do diretor Jason Reitman com a fantástica roteirista Diablo Cody, levantou um entusiasmo e expectativa enormes para aqueles que viram e gostaram de Juno. E Young Adult, de fato, correspondeu aos olhos da crítica, mas não aos meus. Enquanto via o filme, pensei em como Reitman e Cody erraram a mão dessa vez, e feio. Um filme vazio e sem propósito. Ao terminar, a impressão de que o filme foi muito ruim continuou, mas a sensação de enredo raso desapareceu um pouco; acabei absorvendo uma coisa ou outra. Depois, fiquei pensando cada vez mais e mais sobre a personagem Mavis, e cheguei à conclusão de que o filme tem muita coisa a dizer, e apresentou um dos maiores estudos de personagem da atualidade. Continuei não gostando do filme, mas entendi o seu propósito (que é bom) e o foco da análise é inteiramente nisso.

Mavis Gary (Charlize Theron, vencedora do Oscar por Monster) não tem mais nada de bom na vida. Escreve como ghostwriter o último volume de uma série de livros juvenis que já foi muito popular, mas hoje está em queima de estoque de livrarias, além de contar com um bloqueio criativo enorme, um divórcio, poucos relacionamentos positivos e um apartamento bagunçado. Sempre amarga e grosseira, e vidrada em como a vida no colegial era melhor e mais promissora, Mavis decide voltar à sua cidade natal e reconquistar seu antigo namorado da adolescência (Patrick Wilson, de Watchmen), mesmo sabendo que ele é casado, com uma filha recém-nascida, e uma vida estável e feliz.

A personagem é detestável. Egoísta, mal humorada, irritante, sem qualquer característica boa a favor dela. Mas a única coisa boa de Young Adult (boa o bastante para merecer um texto) é em como isso foi maravilhosamente desenhado em um estudo psicológico de uma pessoa que não cresceu. O marketing do filme, pôsteres, fotos promocionais, slogans, etc, passam uma ideia completamente errada sobre o enredo. Se você espera ver uma comédia sagaz e inteligente como Juno ou um terror-tosco-teen com humor ácido como Jennifer’s Body, vai se decepcionar. É um drama com um arco de personagens dos mais profundos. Mavis não é uma mulher infantil, que se veste e age como criança, mas sim uma pessoa que só fracassou na fase adulta e deseja desesperadamente retomar a glória do colegial, nem que seja para agir da maneira mais imprudente e irresponsável possível. Afinal, ela é imprudente e irresponsável por natureza. Cody diz isso, quando confrontada sobre a obsessão com roteiros adolescentes; uma mulher que quer ser adolescente de novo.

Charlize Theron cresce cada vez mais, e sabe escolher os papéis certos para mostrar seu potencial. O filme acabou sendo mal executado, pois a mensagem só fica clara no fim, dando a impressão de um caminho mal aproveitado apenas com um destino bem construído. O roteiro é veemente com a ideia de que as pessoas são quem elas são, e trilhar uma vida boa depende apenas de como vai se adequar sendo quem é, caso a personalidade natural seja tão forte a ponto de atrapalhar seu futuro. Se desligar de uma época gloriosa pode ser a coisa mais difícil do mundo, mas a noção de que acabou e a realidade agora é outra é fundamental. Só vendo o filme para saber o quanto se transformar em uma Mavis, tão frustrada que virou uma pessoa terrível, pode ser assustador. Por fim, as dimensões e a construção da personagem dão a Young Adult o necessário para não ser considerado um filme completamente descartável. E é uma característica tão forte que terminamos com uma lição bem aproveitável, na verdade.




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