Direção: Nick Murphy
Elenco: Rebecca Hall, Dominic West, Imelda Staunton
O
cinema de terror hollywoodiano desandou dentro do próprio gênero. Os filmes
andam sendo construídos a partir da perturbação visual e do susto a qualquer
custo, sendo que os critérios para a produção bem feita de um terror de
qualidade são muito mais que isso. O clima do terror americano não está correto;
os “mocumentários”, documentários forjados, entraram com tudo no mercado, e
embora vez ou outra apareça um que realmente desperte sensações de aflição,
como o primeiro Paranormal Activity e
o pioneiro do estilo The Blair Witch
Project, a maioria se defasa no terror, sem contar o aumento pelo gosto por
envolver meios tecnológicos no enredo - espíritos que matam através de
televisões, telefones. Assustam?
Sim. Dão medo? Podemos dizer isso. Mas tem que ter o clima correto, para
arrepiar sem deixar de ser arte. E The
Awakening, uma produção inglesa, é um filme tão bem pensado nos critérios
de sensação de filme de terror, que conduz a história no gênero... sem dar medo.
Florence
Cathcart (Rebecca Hall, de Vicky Cristina
Barcelona) é uma investigadora de charlatanismo dentro dos círculos
sobrenaturais de Londres nos anos 20. Completamente cética, é também uma autora
famosa que desacredita espíritos e fenômenos sobrenaturais. Quando é chamada
para investigar um internato de meninos no campo onde um aluno foi encontrado
morto, e supostamente assombrado pelo espírito de um garoto, é recebida pelo
professor Robert (Dominic West, de 300)
e governanta Maud (Imelda Staunton, indicada ao Oscar por Vera Drake), e vai aos poucos percebendo que talvez seja hora de
deixar o ceticismo de lado e lidar com um caso sobrenatural legítimo.
O
filme não é uma obra-prima, nem repadroniza o gênero, mas tudo nele funciona.
Um internato sombrio, com uma arquitetura antiga acinzentada e repleta de
pinturas grotescas, numa área rural afastada, com meninos melancólicos em seus
uniformes e professores árduos, todos apavorados com o fantasma que os
assombra. Para completar, a protagonista Florence está sempre vestida com
roupas de frio, o vento parece gélido, o céu sempre nublado, tudo sempre
remetendo à morbidez. Uma boa história de fantasmas tradicional, que lembra o
assombroso clássico da literatura de terror The
Turn of the Screw de Henry James, que no fim das contas, não causa a
sensação de pavor, pois não aposta tudo em monstros e seres desfigurados, mas
sabe lidar muito bem com tons que arrepiam, lembram o gótico, transmitem
tristeza e a suavidade que uma história desse tipo pode apresentar. E claro,
sempre com alguns momentos de tensão, pois disso também se faz o bom
aproveitamento do gênero. O roteiro tem um desfecho interessante e saímos com a
impressão de que tudo foi analisado com muito carinho na hora da execução.
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