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domingo, 18 de março de 2012

The Awakening

Filme: O Despertar (The Awakening), 2011
Direção: Nick Murphy
Elenco: Rebecca Hall, Dominic West, Imelda Staunton




O cinema de terror hollywoodiano desandou dentro do próprio gênero. Os filmes andam sendo construídos a partir da perturbação visual e do susto a qualquer custo, sendo que os critérios para a produção bem feita de um terror de qualidade são muito mais que isso. O clima do terror americano não está correto; os “mocumentários”, documentários forjados, entraram com tudo no mercado, e embora vez ou outra apareça um que realmente desperte sensações de aflição, como o primeiro Paranormal Activity e o pioneiro do estilo The Blair Witch Project, a maioria se defasa no terror, sem contar o aumento pelo gosto por envolver meios tecnológicos no enredo - espíritos que matam através de televisões, telefones. Assustam? Sim. Dão medo? Podemos dizer isso. Mas tem que ter o clima correto, para arrepiar sem deixar de ser arte. E The Awakening, uma produção inglesa, é um filme tão bem pensado nos critérios de sensação de filme de terror, que conduz a história no gênero... sem dar medo.

Florence Cathcart (Rebecca Hall, de Vicky Cristina Barcelona) é uma investigadora de charlatanismo dentro dos círculos sobrenaturais de Londres nos anos 20. Completamente cética, é também uma autora famosa que desacredita espíritos e fenômenos sobrenaturais. Quando é chamada para investigar um internato de meninos no campo onde um aluno foi encontrado morto, e supostamente assombrado pelo espírito de um garoto, é recebida pelo professor Robert (Dominic West, de 300) e governanta Maud (Imelda Staunton, indicada ao Oscar por Vera Drake), e vai aos poucos percebendo que talvez seja hora de deixar o ceticismo de lado e lidar com um caso sobrenatural legítimo.

O filme não é uma obra-prima, nem repadroniza o gênero, mas tudo nele funciona. Um internato sombrio, com uma arquitetura antiga acinzentada e repleta de pinturas grotescas, numa área rural afastada, com meninos melancólicos em seus uniformes e professores árduos, todos apavorados com o fantasma que os assombra. Para completar, a protagonista Florence está sempre vestida com roupas de frio, o vento parece gélido, o céu sempre nublado, tudo sempre remetendo à morbidez. Uma boa história de fantasmas tradicional, que lembra o assombroso clássico da literatura de terror The Turn of the Screw de Henry James, que no fim das contas, não causa a sensação de pavor, pois não aposta tudo em monstros e seres desfigurados, mas sabe lidar muito bem com tons que arrepiam, lembram o gótico, transmitem tristeza e a suavidade que uma história desse tipo pode apresentar. E claro, sempre com alguns momentos de tensão, pois disso também se faz o bom aproveitamento do gênero. O roteiro tem um desfecho interessante e saímos com a impressão de que tudo foi analisado com muito carinho na hora da execução.




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