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sábado, 10 de março de 2012

Carnage

Filme: Deus da Carnificina (Carnage), 2011
Direção: Roman Polanski
Elenco: Jodie Foster, John C. Reilly, Kate Winslet, Christoph Waltz





Penelope (Jodie Foster, de Silence of the Lambs) e Michael (John C. Reilly, de Chicago) são pais de um garoto que apanhou no parque de outra criança, o filho de Nancy (Kate Winslet, de The Reader) e Alan (Christoph Waltz, de Inglourious Basterds). Nancy e Alan vão até o apartamento de Penelope e Michael para chegarem juntos a uma conclusão sobre o que ser feito com os dois meninos. O que deveria ser uma conversa simples e objetiva acaba virando muito mais que isso.

A beleza de um filme em tempo real é a veracidade que isso adiciona à história. Com exceção do primeiro e último planos, acompanhamos durante 1h16 quatro adultos problemáticos, confinados a um único cenário, em o que começa como uma discussão sobre o que fazer para os filhos se acertarem e se torna um duelo de personalidades e opiniões diferentes, pontuados com um humor ocasional – que é, por sinal, divertidíssimo – e um mergulho em estados diferentes de latência de pontos de vista distintos. A começar pela adição de arquétipos típicos de um casamento em narrativa: aquele grito sufocado há anos, aquela palavra que você nunca soube falar exatamente, a esposa neurótica que acredita poder solucionar todos os problemas, o marido apaziguador, o homem sério e ocupado, a mulher frígida que não sente mais nada. E a sacada de Carnage é que apenas os arquétipos estão ali, não os personagens. Os quatro adultos se alternam quanto a se encaixar nas características citadas, mudam de lado durante o filme inteiro, formam alianças novas um com o outro, ora aceitam que o filho foi o culpado, ora jogam a culpa no filho do outro casal. Isso quando conseguem se focar novamente no tópico principal: a briga dos filhos. Por motivos como acomodação, sinceridade recém-adquirida e álcool, os dois casais partem para assuntos nunca antes discutidos e que atrapalhavam seus casamentos. As discussões e os problemas evoluem cada vez mais, revelando nada mais que quatro pessoas que não sabem resolver nada do que está errado em suas vidas.

O roteiro, adaptação da peça God of Carnage de Yasmina Reza, é escrito com maestria pelo encaixe das reviravoltas e surgimento de tópicos novos a serem explorados, com uma direção suave e plana de Polanski. Os protagonistas, vencedores de Oscar (e Reilly apenas indicado), são viscerais na exposição dos sentimentos mais primordiais que trouxeram para os papéis, sejam eles voltados para o drama ou humor.

Na conclusão do filme, saímos com a mensagem de que as pessoas precisam primeiro resolver seus problemas internamente, para só assim conseguirem aplicar qualquer tipo de solução que possam ter no dia-a-dia e na convivência com aqueles que as cercam. Carnage é engraçado, intenso e uma verdadeira dissertação sobre o comportamento humano.




Um comentário:

  1. Me deixou muito curioso. Não sabia com o que eu iria me deparar. Bem esclarecedora a critica.

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