Direção: Roman Polanski
Elenco: Jodie Foster, John C. Reilly, Kate Winslet, Christoph Waltz
Penelope
(Jodie Foster, de Silence of the Lambs)
e Michael (John C. Reilly, de Chicago)
são pais de um garoto que apanhou no parque de outra criança, o filho de Nancy
(Kate Winslet, de The Reader) e Alan
(Christoph Waltz, de Inglourious Basterds).
Nancy e Alan vão até o apartamento de Penelope e Michael para chegarem juntos a
uma conclusão sobre o que ser feito com os dois meninos. O que deveria ser uma
conversa simples e objetiva acaba virando muito mais que isso.
A
beleza de um filme em tempo real é a veracidade que isso adiciona à história.
Com exceção do primeiro e último planos, acompanhamos durante 1h16 quatro
adultos problemáticos, confinados a um único cenário, em o que começa como uma
discussão sobre o que fazer para os filhos se acertarem e se torna um duelo de
personalidades e opiniões diferentes, pontuados com um humor ocasional – que é,
por sinal, divertidíssimo – e um mergulho em estados diferentes de latência de
pontos de vista distintos. A começar pela adição de arquétipos típicos de um
casamento em narrativa: aquele grito sufocado há anos, aquela palavra que você
nunca soube falar exatamente, a esposa neurótica que acredita poder solucionar
todos os problemas, o marido apaziguador, o homem sério e ocupado, a mulher
frígida que não sente mais nada. E a sacada de Carnage é que apenas os arquétipos estão ali, não os personagens. Os
quatro adultos se alternam quanto a se encaixar nas características citadas,
mudam de lado durante o filme inteiro, formam alianças novas um com o outro,
ora aceitam que o filho foi o culpado, ora jogam a culpa no filho do outro
casal. Isso quando conseguem se focar novamente no tópico principal: a briga
dos filhos. Por motivos como acomodação, sinceridade recém-adquirida e álcool, os
dois casais partem para assuntos nunca antes discutidos e que atrapalhavam seus
casamentos. As discussões e os problemas evoluem cada vez mais, revelando nada
mais que quatro pessoas que não sabem resolver nada do que está errado em suas
vidas.
O
roteiro, adaptação da peça God of Carnage
de Yasmina Reza, é escrito com maestria pelo encaixe das reviravoltas e
surgimento de tópicos novos a serem explorados, com uma direção suave e plana
de Polanski. Os protagonistas, vencedores de Oscar (e Reilly apenas indicado),
são viscerais na exposição dos sentimentos mais primordiais que trouxeram para
os papéis, sejam eles voltados para o drama ou humor.
Na
conclusão do filme, saímos com a mensagem de que as pessoas precisam primeiro
resolver seus problemas internamente, para só assim conseguirem aplicar
qualquer tipo de solução que possam ter no dia-a-dia e na convivência com
aqueles que as cercam. Carnage é
engraçado, intenso e uma verdadeira dissertação sobre o comportamento humano.
Me deixou muito curioso. Não sabia com o que eu iria me deparar. Bem esclarecedora a critica.
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