300 x 250 Ad Space

quinta-feira, 22 de março de 2012

Perfect Sense

Filme: Sentidos do Amor (Perfect Sense), 2011
Direção: David Mackenzie
Elenco: Ewan McGregor, Eva Green





Perfect Sense é um caso raro de roteiro onde dois conceitos complementares para a existência física e espiritual são colocados juntos numa arena e conflitados um com o outro. No fim, quem vence: a emoção ou o sentido? Essa questão levantada se propaga em um cenário “apocalíptico” centrado no romance de duas pessoas que tentam definir o que é mais forte para cada um. E o resultado final é esplendoroso.

O mundo está enfrentando a pior epidemia (e a mais incomum, diga-se de passagem) que já existiu, tão única que ninguém consegue definir causa e origem. A “doença” se manifesta da seguinte maneira: a população mundial passa por um acesso de determinada emoção, que resulta na perda definitiva de um sentido. Por exemplo: a pessoa sofre um profundo momento de tristeza e arrependimento, e logo em seguida, perde o olfato. No meio do caos, um chef e uma epidemiologista, com seus trabalhos ligados ao surto tumultuoso, se conhecem e se apaixonam; Michael (Ewan McGregor, de Moulin Rouge) e Susan (Eva Green, de The Dreamers) desaprenderam a se relacionar por conta de traumas em romances passados, e aos poucos, enquanto vão enfrentando a perda dos sentidos, passam a apurar cada vez mais as noções de emoção e sentimento, e se encontram um no outro exacerbando a força principal, que resgata qualquer um de um momento de desespero: o amor.

Para a apreciação de Perfect Sense, é necessário saber enxergar o mundo com um olhar lírico. Quem espera ver um filme sobre o extermínio e decadência da raça humana, como em filmes como Blindness ou Contagion, vai se decepcionar. É um drama e, acima de tudo, um romance. A epidemia é um elemento-chave do enredo para estudar e explorar o comportamento humano voltado para o positivismo e controle quando tudo parece desmoronar. A cada evento, o casal é quase que forçado a repensar seus princípios sobre o amor, aproximação e intimidade, se entrelaçando e buscando apoio um no outro. Mas afinal, qual lado é maior? Quando chegar a fatídica hora em que todos os seus sentidos forem tirados de você, pode o amor ser tão forte e manter unidos dois indivíduos que só podem contar com a emoção de agora em diante? Basta preparar o coração para sentimentos intensos, assistir ao filme e descobrir (ou determinar) por si mesmo.

A direção de David Mackenzie lembra a de Mike Mills no filme Beginners, também estrelando Ewan McGregor. Montagens com imagens e arquivos footage aleatórios com cortes rápidos mostram a situação no resto do mundo, transpondo a desgraça a que alguns se entregaram, e ao controle e aceitação que outros tomaram. O dualismo ilustrado passa a ideia de que o ser humano não é necessariamente mostrado como na epidemia de Blindness, grosseiro, decadente, que vai se atirar na alimária no primeiro indício de fim do mundo, mas sim como uma raça com seus dois lados, e um deles, o otimista, quando se aguça a transcendência e se vive de sentimento, se prova totalmente capaz de gerar forças para a sobrevivência e adaptação. Basicamente, arme-se de amor que a natureza dá um jeito no resto.

O romance de Michael e Susan é dos mais bonitos. A química entre os atores, o sexo bem feito, as cenas de aceitação, tudo angustiante porque no fundo, sabemos da situação atual deles, e às vezes o pessimismo (ou até mesmo realismo) fala mais alto. Filme completamente aproveitável e emocionante, único dentro de seu próprio gênero.




Nenhum comentário:

Postar um comentário